sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Recordações



Acordo numa ilha desconhecida e me vejo em um território pouco povoado. Imagino até que fui transportado pra lá de uma maneira sobrenatural. Parece que foi ontem que o universo surgiu pra mim e eu me tornara introspectivo, como se o tempo não é fosse medido e eu não tivesse mais noção da época em que estava vivendo.

Tudo parece perturbador, mas sinto algo inexplicavelmente bom. Deveria estranhar essa inusitada situação, tendo em vista que minha vida parou há alguns dias. Entretanto, não sinto desespero, apenas quero viver o momento, sem saber o que está por vir; afinal, nem sempre o desconhecido equivale ao tenebroso.


Preciso estudar minhas percepções mais a fundo, para conhecer-me por dentro. Sei que tudo isso é passageiro, mas  sentir verdadeiramente  me faz pensar que posso acabar tudo o que há de negativo por alguns instantes.


Entretanto, é claro que experiências introspectivas têm suas faces negativas, como a saudade que eu tenho da minha amada; tão pequena e grande para mim, que marcou minha vida profundamente apenas por meio de contatos superficiais. Quem dera ter falado com ela, ter dado um abraço ou pelo menos uma despedida digna do que ela significava para mim. Hoje simplesmente quero rasgar lentamente o que foi vivido e deixar o passado ser apenas passado, sem alterar meu coração no presente.


Tudo isso não se explica: enquanto algumas recordações bizarras hoje me fazem alegre, outras lembranças de alguém que amo tanto me deixam em estado de melancolia. Teoricamente, esse discurso não tem nexo, mas é assim que eu me sinto nessa ilha: sempre flexível ao desconhecido que virá amanhã.




Zeca Lemos


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