quarta-feira, 22 de março de 2017

O que amei me destruiu

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Poder ouvir a voz dela e vê-la eram os maiores privilégios que eu tinha nas minhas manhãs na universidade. Era uma loucura: olhava a foto dela por horas, a ponto de fantasiar que ela estava perto de mim. Eu conjecturava tudo: ela falando sobre seus anseios, medos, sonhos… minha mente era residência de tudo o que ela poderia ser. E ter isso apenas como pensamento era uma violência: corroía-me como ver meu time levar um gol aos 47 minutos do segundo tempo.
Eu, às vezes, questionava-me se aquela menina existia mesmo. O meu fascínio por ela era maior que minha aversão por todas as coisas de que já havia sentido ódio na minha vida. Ela me fazia lembrar os momentos da minha infância, quando tudo era motivo para choro e consolo. Por ela, eu ficava sensível de um modo, que perdia a certeza de quem eu era e de onde ficava a minha essência.
Ela me fez viver o dia mais louco de todos. Estava em casa, quando me ligaram chamando para ir a um local conhecido das minhas noites. Era sexta-feira, eu estava cansado da semana, mas aceitei o convite. Chegando ao lugar, havia pouquíssima gente. Estranho. Não havia a atmosfera que eu conhecia ali. Várias voltas pelas imediações, e eu sentia que a noite tomaria um rumo ruim.
Ela apareceu. Havia saído de uma festa e estava linda. Passou perto de mim, e eu a cumprimentei. Senti uma felicidade imensa, como se, por um instante, fosse feliz para sempre. Ela sentou, eu também. O diálogo foi sumindo, e eu me desesperando. Algo precisava acontecer, minha noite não podia terminar daquele jeito. Eu era louco por ela, e não conseguia negar isso nem de brincadeira.
Olhei para ela e vi toda a imensidão do céu em seu olhar. Seu rosto parecia perfeito. Não demorou muito para que ela quebrasse o silêncio. Perguntou uma coisa idiota, se eu tinha conhecimento de um fato óbvio. Foi tão rápido e chocante, que eu não soube o que responder. Perdi-me nas palavras, mas consegui dizer algo.
Ela falou com uma expressão vazia que me destruiu. No momento, o meu coração se entristeceu sem entender como ela podia ser tão fútil. Eu não acreditava naquilo. O inacreditável havia acontecido. Minha tristeza era tão dilacerante que não consegui derramar uma lágrima. Eu estava calado, sem uma palavra para dizer. Fiquei estático, sem reação, decepcionado.
Seus olhos agora me doíam, eram tão inócuos quanto noites sem estrelas. Sua voz e seu olhar, que, antes, me faziam sentir infinito, tinham, naquele momento, me destruído. Haviam me roubado tudo: meu sorriso, meu poder de chorar e minha vontade de viver. O que um dia tinha me feito alegre agora era melancolia.
E o que mais me inconformava era que, mesmo com tudo aquilo, eu continuava achando-a a menina mais bonita do mundo. Sentir o amor doía. E como doía. O seu jeito de falar e olhar eram as coisas mais lindas e cruéis que a vida já tinha me dado.

Zeca Lemos


sexta-feira, 17 de março de 2017

Enverga varal

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Era noite de um sábado em que haveria o jogo de volta de uma semifinal da Série C. O Guarani ia enfrentar o ABC no Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. Estava em uma desvantagem que muitos consideravam impossível de reverter: havia perdido de 4 x 0 na partida de ida e precisaria vencer por cinco ou mais gols de diferença.
O jogo começou, e o estádio não estava lotado, mas os poucos que estavam presentes, no fundo, acreditavam no impossível. Mesmo as estatísticas estando contra o bugre, a torcida foi apoiar. Primeiro lance de perigo: falta quase na lateral do campo; a bola foi levantada e desviou para morrer no fundo das redes. Gol do Guarani! E o torcedor bugrino sentia que podia acreditar. Quem sabe as portas do milagre não estariam se abrindo? Próximo lance, falta com certa distância para a trave. Cobrança perfeita: era o segundo gol do Guarani, e o estádio sentia o cheiro de milagre. Vez do ABC: o time alvinegro chegou pelo lado direito e cruzou rasteiro. O desvio leve fez todos acreditarem que era gol. Mas não: inacreditavelmente, a bola bateu na trave. O locutor não acreditava no que via.
Começou o segundo tempo, e o bugre não parava de acreditar. Passe na área, chute no canto da rede. Podia ouvir a narração emocionada: "Gol do bugre! Gol do bugre! Gol do bugre!". Cada vez mais, o milagre ficava perto. Chegava o Guarani novamente. A bola bateu na zaga, voltou e entrou caprichosamente. 4 x 0, o placar estava devolvido. A emoção do narrador era indescritível: "Meu Deus do céu! Eu conheço camisa pesada, mas igual a essa tá pra nascer! Essa camisa não enverga varal, ela destrói varal! Ela arrebenta com o varal!" Por alguns instantes, uma narração esportiva virava poesia.
E o bugre não deixava os poemas futebolísticos pararem: "1% de chance, 99% de fé, esse é o lema do Guarani nessa Série C. Gol do bugre! Meu Deus do céu, é do Guarani! Nunca mais alguém vai esquecer dessa noite: 23 de outubro de 2016. Deus vestiu a camisa do Guarani. A camisa envergou tanto varal que foi parar no céu! Deus foi bugrino nessa noite!". Parecia irreal o que estava acontecendo, o Guarani estava fazendo o impossível virar realidade. Mas ainda não tinha acabado. O sexto gol ainda viria, com mais uma catarse poética do locutor: "Gol do Guarani! Gol do Guarani! Gol do Guarani! É gol do bugre! É finalista! É imenso! É gigantesco! Deus do céu! Você é lindo, Guarani! Você é fantástico, Guarani!". A partida teve fim e, quase sem voz, o narrador celebrava o triunfo: "É fim de jogo! Enorme Guarani Futebol Clube! Enorme bugre finalista! Impossível não existe no futebol!".
E depois de tantos percalços, o torcedor bugrino podia sorrir sem saber até quando. Tinha recuperado o gosto, o orgulho e o amor de torcer e vibrar com o Guarani. Aquele dia mostrou que, realmente, o impossível não existe. Não passa de uma palavra grande que designa o que não acreditam que pode acontecer. Apenas os covardes acreditam que certos sonhos são impossíveis. E, para o Guarani e sua massa, nunca nenhum sonho haveria de ser chamado de impossível. Nem o céu, as estrelas e o mar eram mais bonitos que a felicidade do bugrino naquela noite. Nada era maior nem mais belo do que a alegria de amar uma camisa pesada como aquela.

Zeca Lemos


domingo, 1 de maio de 2016

Cidade surrealista

 

Eu queria poder ver todas as cores que meus olhos absorveram mais uma vez, mas faltava-me coragem. Arrepiava-me ao conjecturar como seria enfrentar todos os obstáculos novamente. Visitar algumas pessoas era amedrontador. A escuridão em cada corredor, o silêncio em cada quarto e o sentido de cada recordação me tiravam a vontade de levantar. Sonhava com o dia em que recordar os momentos fosse o passatempo de toda a humanidade. No meu universo, o absurdo correspondia ao fantástico, e o mundo se remodelava a cada segundo.

O que havia de mais intimista era o que eu via como mais bonito. Perdi a conta de quantas das minhas noites foram dedicadas a tentativas de desvendamento do que os olhares das pessoas que eu conversava traziam. Eu sabia que cada um podia inventar a história que quisesse para sua vida, mas ficava me perguntando qual o limite que as pessoas davam para suas criações.

Nasci e me criei no lugar em que o calor trazia passagens. E em cada esquina eu podia sentir o coração da cidade. Nos bares antigos, nas paredes desgastadas, nas livrarias quase vazias e, sobretudo, nas bancas de jornais. Cada uma trazia seu aspecto. Os diários estampando suas manchetes e as revistas ostentando suas imagens comerciais faziam as minhas manhãs sorridentes. E eu ficava pensando que estava enlouquecendo, pois não sabia explicar o porquê daquela banalidade me fazer sorrir. Sentia que os jornais exploravam as emoções dos fatos da forma mais poética. Era como se eles fossem fotografias: tomavam cenas estáticas para eternizá-las, como se tempo nenhum fosse capaz de destruir os sentimentos expostos.

Algumas imagens eram captadas como marcantes. O meu olhar fazia os fatos cotidianos se transformarem em narração de histórias. E em cada nova história o meu coração terminava se perdendo em um labirinto. Era tudo difícil, sofrido e complicado. Mas quanto mais me maltratava, mais vontade eu tinha de reviver. Era estranho, mas deixava minha alma pura. Como meu sentimento pelos filmes surrealistas. Eu sabia que não era comédia, drama ou terror. Mas sentia tudo que esse gênero poderia trazer. E foi ali que eu vi que nada me fazia tão realizado quanto ver ideias absurdas tomando forma.

Zeca Lemos




terça-feira, 26 de abril de 2016

O que é poesia?

Quando era colegial, estudei um pouco sobre poesia e achei interessante. Durante alguns anos, pensei que qualquer arranjo de versos rimados pudesse ser chamado de poesia. À medida que fui crescendo, os livros, as músicas e as experiências mudaram minha visão. Assistindo a alguns acontecimentos descobri o verdadeiro significado de poesia.

Comecei a viver poesia quando descobri minha paixão pelo rádio. Eu adorava escutar os noticiários e as informações sem saber da aparência física de quem falava. A experiência de ouvir possuía uma magia que a televisão nunca tinha me trazido. Era incrível, os locutores falavam e eu começa a tentar concretizar as imagens de como as notícias seriam se aquilo fosse uma reportagem feita por mim.

Anos depois, percebi que no meu cotidiano havia poesia. Depois que comecei a me fascinar com as coincidências que aconteciam comigo, percebi o quão extraordinária minha vida era. O sentimento vem do acaso e a poesia vem do sentimento. Então, os fatos mais simples constituem as poesias mais misteriosas. Pude senti isso quando conversei com um amigo depois de 10 anos sem vê-lo. Eu sabia que aquilo não era normal, parecia que o universo estava pedindo para eu me emocionar.

Ano passado, minha alma escreveu uma poesia que perfurou meu coração até eu admitir que conhecia o poético. Depois de 4 anos, consegui confessar meu sentimento e desejo de amar à garota que havia estado nos meus pensamentos em boa parte das minhas noites. Aquela declaração me fez ver, por meio das lágrimas, que minha vida era uma poesia constantemente escrita e reinventada todos os dias.

E era assim, eu não tinha como fugir. A poesia estava em tudo: na recordação do dia em que ri até cair, na beleza do meu sentimento pelo meu primeiro amor, na emoção da oportunidade que choveu granizo, no choro derramado na tarde mais cinzenta e na imaginação fantástica que eu teria até o momento em que parasse de viver.

Zeca Lemos


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Preso no sonho

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Um dos prazeres que alguém pode ter é interpretar um sonho, lembrando de cada detalhe. Eu, naquela época, não gostava de falar sobre isso. Era um assunto que me frustrava muito. Todo dia era da mesma forma: sonhava algo interessante e acordava atordoado com o que tinha havido. Antes que pudesse refletir acerca do tema do sonho e analisar o que poderia ter representado, esquecia da maior parte das cenas. Depois de algumas horas, já não lembrava nada, e era como se aquilo tivesse sido uma alucinação.

Eu não conseguia aceitar a minha falta de memória onírica, pois pensava que, se meu subconsciente tinha feito um filme, eu precisava assisti-lo. A minha mente recuperava muitas informações inúteis, mas nunca os acontecimentos dos meus sonhos. Então, um dia, acordei cansado após uma noite mal dormida e resolvi dormir um pouco à tarde. Aquele momento foi diferente, não me lembro nunca de ter estado alguma vez tão fora do mundo.

Sonhei com uma menina que eu conhecia. Minha relação com ela era confusa. Uma vez, brigamos por causa de um motivo infantil. Tempos depois, vi-a estranha e a chamei para conversar. Foi surpreendente. À medida que ela ia falando, eu ficava estarrecido pensando em como o destino aprontava: a menina chata se transformou numa companhia agradável, que só me dava alegria.

         Naquele sonho, eu a encontrava em um lugar desconhecido. Ela começava a falar um pouco e as coisas tomavam um rumo imprevisível. Nós revelamos informações inacreditáveis e ela disse uma coisa que pareceu real. Não consigo lembrar-me das palavras, mas era algo parecido com "gosto de você", pronunciando o meu nome. Quando menos esperava, estava no mais bonito dos momentos. De repente, ela sumiu numa viela qualquer que eu nunca havia visto.

Impossível lembrar se era dia ou noite, verão ou inverno; para mim, aquilo era o melhor que o acaso poderia me dar. Pensava que nunca sentiria isso, todas aquelas frases românticas se encaixavam. Naquela hora, o melhor lugar do universo era perto dela, sentindo o olhar dela, derretendo-me pelo sorriso dela e escutando a voz dela. Quando acordei, fiquei durante alguns minutos boquiaberto e fui ao banheiro. Olhando-me no espelho, vi a minha face mudada. Parecia que anos tinham passado e que eu não me conhecia. Só queria voltar para o acontecimento e desenhar os olhos dela como se fossem estrelas. Eu tinha acordado, mas a minha alma tinha ficado presa no sonho. Terminei por criar um mundo mágico inalcançável, porque o meu real era trágico e feito somente de desencontros.

Zeca Lemos



sábado, 26 de março de 2016

A pequena eternidade



Eu sempre escolhia os piores momentos para contar as coisas que meu interior devia saber. Tinha passado muitos anos num ingrato cargo: era um jornalista que vivia como eterno turista, viajando pelo mundo sem ter uma moradia fixa. Durante muito tempo, essa ocupação tinha sido um sonho meu; depois que a concretizei, ela passou a ser motivo de pesadelos diários. Nunca tinha pensado que seria tão ruim não ter uma vida convencional. Quando eu era colegial, pensava que ter uma rotina era a maior maldição que um sonhador poderia possuir.

Foram pouco mais de 15 anos levando a vida desse jeito. Minha rotina de viajante me corroía, mesmo quando algo interessante acontecia, eu sentia a sensação de que aquilo não tinha sido feito para mim. Um dia, surgiu a oportunidade de voltar a minha cidade por alguns dias. A ansiedade no voo era inexplicável, via as fotos dos lugares nas revistas e já começava a imaginar o que aconteceria quando eu chegasse lá.

Cheguei lá num sábado. O dia parecia agradável: o céu estava ensolarado, mas não sentia calor. Reencontrei alguns familiares e fui à praia. O azul do mar me pareceu lindo como nunca; ele e o sol formavam uma obra de arte que, naquele momento, superava qualquer quadro impressionista. Não demorei muito e voltei ao hotel rapidamente.

Como fazia quando era adolescente, fui à banca do bairro e comprei o jornal do dia. Procurei a padaria mais próxima para sentar e lê-lo com calma. Naquela hora, eu senti o que os poetas costumavam chamar de saudade. Lembrei dos dias que lia as notícias no café da manhã com uma barba mal feita no rosto. Li no caderno de cultura que teria um show num lugar que eu frequentava bastante à noite e decidi ir.

Cheguei lá e estava desanimado. Antes dos portões abrirem, escutei alguém proferindo meu nome. Até deu para sentir nostalgia de alguns momentos que fiquei feliz por falar com alguém, mas não me emocionei. Quando virei o rosto, vi que era uma amiga que eu gostara bastante. Ela tinha mudado muito, nem sei como me reconheceu. Apesar de não lembrar muito bem das coisas que tinha vivido perto dela, fiquei alegre.

Nós fomos conversando e eu fui aos poucos lembrando das paixões adolescentes que tivera. Era estranho: algumas coisas mortas pareciam ainda possuir traços de vida. Eu ia me recordando das coisas do colégio, e não parecia que eram memórias, parecia algo vivo. À medida que o tempo ia passando e os meus arquivos clareavam, ela ia se transformando no paraíso.

Era loucura: quanto mais o diálogo fluía, mais escassas minha palavras ficavam. Eu ficava acabado com ela me chamando pelo nome, tudo que eu queria era me acovardar e fugir para o tédio do meu trabalho. Sentia uma vontade imensa de voltar ao passado e fazer diferente. Nunca tinha chegado tão perto da eternidade. E ela merecia tudo: minhas palavras, meus sentimentos, minhas poesias e tudo o que eu tivesse de melhor para dar.

A noite ficou perto de acabar e o término parecia inevitável. Era aquilo mesmo: não era capaz de fazer as coisas que considerava extraordinárias, não tinha poder para investir na tão estimada felicidade. Queria voltar no tempo e mudar todas as coisas. Eu odiava o adolescente imbecil que tinha sido. Odiava-o com todo o ódio que me habitava. Odiava os desejos estúpidos de viver perigosamente, a falta de apreço pela arte de sonhar construir algo com alguém amado. O maior pecado que cometi foi ter tido medo de construir uma família com ela. Foi vulgar e eu nunca me perdoaria. Como não tinha mais como fazer nada, mentalizei-a com o título mais belo possível: uma pequena eternidade.

Zeca Lemos


sábado, 19 de março de 2016

Está nas lembranças

Durante um bom tempo, ele tentou ser misterioso, daqueles que têm muitas faces e ninguém se sente pleno conhecedor. Quase todo dia, fazia alguma coisa que surpreendia as pessoas ao seu redor. Apesar de não pensar muito sobre isso, sentia gostar da impressão que emanava. Era incrível, ele podia ser qualquer coisa. No cinema, na faculdade, em casa... Todos os lugares que frequentava recebiam uma personalidade exclusiva.

Ele tinha mente de historiador. Todos deviam ver o que refletia para decidir suas ações. Quando se falava de história, as pessoas costumavam pensam em uma matéria estudada na escola ou na narração de algum acontecimento. Ele via sua vida como uma mistura dessas "histórias". Tentava imaginá-la como uma sequência de episódios descrito em um livro para alguém ler, interpretar e estudar aquilo como se fosse uma ciência.

Possuía costume de contextualizar todas as lembranças. Não gostava de profissionais que anotavam as informações para depois repassá-las. Se não havia esforço ao lembrar das narrativas, não havia paixão nas memórias. Além de livros históricos, deliciava-se com os jornais impressos; era inacreditável o carinho que nutria ao guardar algumas edições. Cada manchete se eternizava nos cantos do quarto para serem relidas após alguns anos. Como os livros de histórias, os noticiários também o apaixonavam. Se aquelas coisas aconteciam no presente, no futuro alguém estaria estudando querer ter vivido.

Na sua alma, o jornalismo e a história caminhavam como irmãos, porque o imediatismo de informar se fundia com as conjecturas de como seria explicar aquelas notícias depois de algumas décadas. Não importava se as circunstâncias não favoreciam, a curiosidade pelo desconhecido o fazia um leitor voraz. Com todas essas paixões, ele encontrou na escrita a sua melhor amiga: a lembrança. Se algo o fazia mal, a poesia das suas recordações estaria sempre lá para combater seus pensamentos suicidas.