sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Recordações



Acordo numa ilha desconhecida e me vejo em um território pouco povoado. Imagino até que fui transportado pra lá de uma maneira sobrenatural. Parece que foi ontem que o universo surgiu pra mim e eu me tornara introspectivo, como se o tempo não é fosse medido e eu não tivesse mais noção da época em que estava vivendo.

Tudo parece perturbador, mas sinto algo inexplicavelmente bom. Deveria estranhar essa inusitada situação, tendo em vista que minha vida parou há alguns dias. Entretanto, não sinto desespero, apenas quero viver o momento, sem saber o que está por vir; afinal, nem sempre o desconhecido equivale ao tenebroso.


Preciso estudar minhas percepções mais a fundo, para conhecer-me por dentro. Sei que tudo isso é passageiro, mas  sentir verdadeiramente  me faz pensar que posso acabar tudo o que há de negativo por alguns instantes.


Entretanto, é claro que experiências introspectivas têm suas faces negativas, como a saudade que eu tenho da minha amada; tão pequena e grande para mim, que marcou minha vida profundamente apenas por meio de contatos superficiais. Quem dera ter falado com ela, ter dado um abraço ou pelo menos uma despedida digna do que ela significava para mim. Hoje simplesmente quero rasgar lentamente o que foi vivido e deixar o passado ser apenas passado, sem alterar meu coração no presente.


Tudo isso não se explica: enquanto algumas recordações bizarras hoje me fazem alegre, outras lembranças de alguém que amo tanto me deixam em estado de melancolia. Teoricamente, esse discurso não tem nexo, mas é assim que eu me sinto nessa ilha: sempre flexível ao desconhecido que virá amanhã.




Zeca Lemos


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O lucro na vida


Durante a vida estudantil, todos sempre deparam com aquele conteúdo mais difícil ou desinteressante que pode vir a prejudicar os estudos no decorrer do ano letivo.

Em meio a isso, um garoto nutria esse sentimento por algumas matérias, principalmente alguns assuntos de ciências exatas. Era muito comum irritar-se com questões técnicas e fórmulas inúteis para a vida dele.

É exagero dizer que o que ele sentia era ódio, pois tinha consciência de que tudo aquilo era efêmero e casual na sua vida; mas que aquilo era a causa da melancolia diária dele, isso ninguém podia negar.

Apesar disso, era muito audaz naquilo; quando tinha dificuldade, focava no assunto e lutava fervorosamente. Era como se tudo o que ele não sabia correspondesse ao que fosse estritamente necessário, e o que era fácil fosse de valor quase nulo.

Entretanto, em meio a esse sentimento complexo, havia uma exceção minuciosa, mas muito fascinante; em alguns problemas de matemática, nos assuntos de cálculo de finanças e de funções, tinha uma fórmula que o impressionava.

Lucro é igual à receita menos despesa. Tal sentença não desaparecia da mente dele, tamanha era a dimensão dessa assertiva que o levava a passar tardes refletindo. Era muito mais que uma ordem sistemática para ele, fazia parte de sua vida pessoal.

Pensando melhor, constatou que aquilo se aplicava a quase tudo na vida. Qualquer situação em que se envolvesse, seja qual fosse o meio, sempre terminava esquematizada por meio desse saldo. No fim de tudo, o lucro é o quanto inicialmente tinha subtraído de quanto gastou. Isso pode parecer sem sentido, mas é de uma profundidade imensa.

Quando o valor é menor que o custo, o resultado dá um número negativo, ou seja, o indivíduo sai perdendo na transação, e esse balanço mal feito sai muito caro, podendo acarretar consequências cruéis.

Com base nessas seguidas reflexões, o mundo se resume a uma sociedade capitalista meritocrática, na qual capitais financeiros constituem base para tudo, até de questões humanas. Estudos como esse provam que qualquer fato da vida tem sua simbologia.



Zeca Lemos





quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Partilha afetuosa




Sempre há aquela pessoa interessante no seu cotidiano, que você acorda todo dia esperando vê-la, simplesmente por ela ser exatamente o que é, sem precisar fazer mais nada para ser esse alento. Assim como a felicidade, não precisa de explicação, sua existência se justifica por si só.
Sempre existe aquele indivíduo que se tem prazer de ver andar, de olhar de longe ou mesmo de escutar sua voz. Por mais que esses gostos pareçam doentios, são totalmente puros e ingênuos, com a única intenção de se apreciar.
Recentemente, venho descobrindo uma pessoa especial e única para mim, com a qual eu me sinto feliz e realizado apenas por dialogar com ela e ter a oportunidade de acompanhar seus passos, sentindo-me infinito com isso. Essa pessoa fez do meu sentimento razão para me perder no abismo que é pensar e sentir, tornando-me emotivo sem limite algum.
Bastam algumas horas sem tê-la por perto para sentir saudade do seu semblante, o que me obriga a escrever sobre ela e sua  beleza em minhas noites de insônia. Sem a mínima ilusão de que ela tenha um sentimento similar ao meu, tendo consciência de que sou apenas mais uma das inúmeras pessoas com quem ela simpatiza.
Meu sentimento não tem tamanho, e ela mal é capaz de imaginar que contemplá-la me motiva a ser intrépido e a viver perigosamente. Como ela se sentiria ao saber a sensação o que eu sinto ao falar alguns minutos com ela? Provavelmente nunca saberei, pois apenas mantenho laços comuns, sem maiores pretensões.
Será que é erro meu deixar meu sentimento tão implícito assim? Será que é precipitado deixar minhas impressões apenas escritas e nunca mostrá-las a ninguém? Será que é normal sangrar de alegria após uma simples conversa, mesmo sem ela perceber o que se passa dentro de mim?

Ela provavelmente nunca saberá o efeito que sua voz tem no meu pensamento, nem a importância da sua existência para a minha alma.

Sei que esse relato pode parecer exagerado e dar a entender que é uma espécie de paixão idealizada, mas tenho consciência de que é apenas exposição de um sentimento que estou nutrindo por uma pessoa que admiro como ser humano, que sempre vou querer conhecer mais, como uma fonte inesgotável de vida.




Zeca Lemos