segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Sentir





Isolar-se em reflexão nos momentos inoportunos é atitude de quem é  introspectivo. Pessoas assim sofrem bastante, mas se conhecem muito bem.

Essas questões são complexas, pois envolvem uma série de outras coisas, como a forma como se sentem as coisas e as dimensões que dão às situações. Afinal, é óbvio dizer que os acontecimentos não têm uma importância definida, pois é o ser humano que escolhe o quanto ela significa para ele.

O pior mal que uma pessoa pode ter é a incapacidade de sentir; ninguém tem brilho sem conhecer o fosco da vida. Bem aventurados são aqueles que sentem tudo o que vivem, pois as experiências que ficam lá dentro ninguém pode extrair. Feliz é aquele que já chorou e riu, pois descobriu o sentido das emoções.

Não existe coisa mais triste do que um pobre de espírito, sem sensações para alimentar sua alma. E esse é o maior vazio que alguém pode ter, pois é como estar vivendo morto sem ninguém saber. Infelizmente, não existe remédio para isso.

Ironicamente, mesmo a sensibilidade sendo um elemento chave na manutenção da vida, o ser humano procura bloqueá-la. Quem nunca sentiu vontade de fugir das derrotas? Quem nunca pediu para que o amanhã não chegasse?

Por que o ser humano evita tanto a dor? Por que chorar é uma ação tão negativa? Por que perder é visto como sinônimo de fracassar? Por que memórias de tristeza são interpretadas como algo péssimo? O desconhecido pode, sim, assustar, mas é necessário para a formação. Se não viverem essas fases de sombras, como os indivíduos vão crescer e evoluir? Como vão se conhecer e saber do que são capazes? Todo mundo precisa provar das derrotas para viver.

O processo civilizatório humano teve (e ainda tem) esse problema, e isso não é simples de lidar. Para ser uma exceção nesse mundo, tem-se que ter bastante força e autenticidade a fim de sentir as coisas a fundo e fazer a diferença.









Zeca Lemos



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