domingo, 13 de setembro de 2015

Amantes




Como falar sobre essa história de relacionamento? É bastante contraditório vivenciar o que ninguém tem certeza se de fato existe. Há mais de cinco meses que esse fato vem à tona de forma dúbia e confusa. Os sentimentos jamais deixaram de existir para nenhuma das partes, as palavras expressivas também nunca se mostraram ausentes.

Relacionar-se enche o coração, mas  torna certos temperamentos adversos e cria situações inconvenientes, empecilhos diários. Viver isso é uma forma fascinante de aprender a diferenciar o campo sentimental do espaço físico. Com a parte sentimental, pode-se fazer do nada qualquer coisa, mas o que é físico quase sempre elimina o que se sente lá no fundo.

Personalidades se combatem e se fundem sem saber o que está acontecendo; deixam fluir, fazendo o tempo voar nas asas de um avião. Frases que sobrevoam diariamente campos de destruição com a força de um moinho. Na beira da estrada os dois escrevem mensagens, como se suas almas fossem incorporadas aos seus corações. Parece que novas palavras e substratos de arte precisam ser inventados, porque o que vem à mente não satisfaz.

Os que se amam falam sem pensar e pensam sem falar. Passam noites roendo as unhas, horas sórdidas em um reduto de mensagens, que não dão a sensação do que podem realmente exprimir. Humores distintos e entonações variadas deixam ininteligível a própria história.

Tudo o que há é tão efêmero que paradoxalmente chega a ser eterno. Vivendo, padecendo, morrendo e ressurgindo todos os dias. É a representação do que chamam de imortalidade, pois não existe nada de mais milagroso do que amar alguém que nos ama na mesma intensidade.


Zeca Lemos


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