sexta-feira, 10 de abril de 2015

Amálgama



Nunca me acostumei a ser claro, sempre gostei de manifestar minhas opiniões em línguas que desconheço. Nunca estive habituado a dizer o que penso de maneira direta, creio que as palavras de uma língua não podem ser suficientes para tecer sentimentos de alguém. Nunca estive familiarizado com a presença de coerência no meu cotidiano, sempre achei que ela só existisse em livros de ciências exatas.

Gosto de imaginar além do que o meu dia propicia, embora não seja possível pensar no que não se conhece. Mas não acho que as premissas têm que combinar com os argumentos, pois tudo o que se fala funciona de forma independente, não existe gabarito para ordenar frases em plano sequencial perfeito.

Jamais acreditei que essas ideias iriam viver na minha mente, mas nunca o que se espera é o que realmente é, porque, no fim, não há diferenças. O nada sempre fez fronteira com o tudo, o muito esteve próximo do pouco, a distância entre a realidade e o sonho jamais deixou de ser mínima.

O conhecimento nunca teve obrigação de ser inteligível, o sentimento nunca teve necessidade de ser explicado e um sorriso nunca foi sinônimo de felicidade. Talvez, só talvez, essa tênue linha de pensamento abstrato seja apenas paranoia da minha mente, mas tudo o que já foi dito de belo por célebres pessoas começou assim.

Possivelmente, estou embriagado ou alterado escrevendo isso, ou sou um sonâmbulo caminhando pela casa devido a algum acontecimento. Se for para viajar por todo esse meu vazio, vou mostrar tudo o que houver de infinito. Porque nunca enxerguei nada de mais fascinante do que essa confusão mental. Não, isso não está nem perto do que se chama de loucura, ainda tento encontrar alguma palavra para definir o amálgama e a hibridez sentimental de um indivíduo que é um estranho em seu próprio mundo.

Zeca Lemos



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